Já reparou que os termos branding e “identidade visual” costumam circular como se fossem a mesma coisa? Não são. Confundir um com o outro é a razão pela qual planos de comunicação parecem uma boa ideia, mas depois não geram resultado (ou pior, geram um resultado reverso).
Neste conteúdo trazemos uma definição clara do que cada conceito significa, como eles se relacionam e como as empresas devem diferenciá-los para investir de forma correta em cada um.
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O que é branding (em termos práticos)
Branding é um processo estratégico: consiste em desenhar e gerir a percepção que uma marca provoca no seu público ao longo do tempo. Não é só um logo ou um post isolado no Instagram. Branding de verdade é um conjunto de decisões: posicionamento, propósito, tom de voz, promessa, experiência do cliente.
Em linguagem prática: branding responde a perguntas como “quem somos?”, “para quem falamos?”, “que promessa cumprimos?” e “como queremos ser lembrados?”. A resposta a essas perguntas orienta tudo o resto desde a oferta de produto até o tom das comunicações e a experiência de pós-venda.
O branding é como a sua marca é interpretada no mundo.
O que é identidade visual
A identidade visual é uma expressão tangível. São recursos gráficos como logo, paleta de cores, tipografia, iconografia, fotografia e regras de aplicação. É o manual que garante consistência de imagem em todos os pontos de contato. Enquanto o branding é a estrutura invisível, a identidade visual é a fachada material que comunica essa estrutura.
Dito de forma simples: a identidade visual é “como a marca se veste”; o branding é o gosto que orienta o guarda-roupa.
E essa diferenciação importa por quê?
Porque a armadilha mais comum é investir somente em identidade visual com a expectativa de que a marca mude por completo. Uma alteração de logo chama atenção, mas sem um propósito estratégico por trás, isso logo desaparece. Por outro lado, um branding sólido torna a identidade visual mais coerente: as cores e aplicações passam a ter razão de ser, elas ganham significado.
Pense numa marca que decide repensar o logo para parecer mais moderna mas faz isso sem rever o público, a oferta ou experiência do cliente com a marca. O risco é desperdiçar recursos sem alterar a percepção real das pessoas. Se antes a marca falhava na experiência, uma tipografia nova não resolve o problema. O inverso também é verdade: uma estratégia bem definida pode potencializar uma identidade visual mais coerente e com maior retorno.
CASES
Um dos exemplos mais recentes vem da Jaguar, que em novembro de 2024 apresentou um reposicionamento global com o slogan “Copy Nothing”. A mudança trouxe um novo logotipo minimalista e uma linguagem visual mais limpa, reforçando a estratégia da marca de se distanciar de estereótipos do mercado automotivo e afirmar a sua singularidade. Mais do que alterar elementos gráficos, o rebranding da Jaguar procurou reposicionar a percepção sobre a marca, transmitindo modernidade e autenticidade.
É verdade que a mudança foi recebida com resistência, houve boatos de demissões e quedas nas vendas. Eles se confirmam? Ainda é cedo para dizer.
Outro case relevante é o da Boca Rosa Beauty, que em junho de 2024 lançou uma nova identidade visual. A mudança atualizou não apenas o design, mas também a forma de comunicar com o público e um amadurecimento de marca e a posicionamento. Aqui, a identidade visual renovada foi parte de uma estratégia de branding mais ampla, que traduz os valores e o propósito da marca para além da estética.
O rebranding do Estúdio Letras
No recente rebranding do Estúdio Letras, o processo foi pensado para marcar os 4 anos da agência e a expansão no mercado internacional. Partimos de um diagnóstico (públicos e territórios), definimos um posicionamento global e depois traduzimos essa estratégia numa identidade visual que se comunicasse bem em múltiplos pontos de contato: nossas redes sociais, um novo site, materiais institucionais digitais e impressos e eventos.
Esse alinhamento entre estratégia e forma foi o que resultou em um processo bem sucedido.
Se a pergunta for “devo priorizar logotipo ou estratégia?”, a resposta prática é: estratégia primeiro. Comece por definir a essência da marca; depois, invista na identidade visual que a torne visível e consistente.