A região Norte de Portugal é o coração da indústria têxtil nacional. Segundo a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), mais de 85% do emprego e 87% do volume de negócios do setor estão concentrados nesta região.
Essa força produtiva, enraizada em tradição e inovação, fez de Guimarães o palco ideal para a conferência “O Têxtil Português: Quando o Marketing Costura o Futuro!”, realizada no dia 23 de outubro, na sede da Lameirinho.
O evento, organizado pela APPM, reuniu profissionais, líderes, marcas, agências de comunicação e jovens talentos para refletir sobre como o marketing pode ser o fio condutor entre tradição, sustentabilidade e competitividade global. O Estúdio Letras esteve presente e traz, neste artigo, os principais insights do encontro.
Painel 1 – Case Toworkfor: a coragem de correr riscos
O primeiro painel, apresentado por Orlando Andrade (AGI), trouxe um caso prático de marketing para a marca Toworkfor, referência portuguesa em calçado profissional.
Entre os principais aprendizados, destacou-se a importância de correr riscos. Arriscar é essencial para inovar e criar campanhas que realmente se diferenciem no mercado.
Outro ponto forte foi a construção de um storytelling sólido, capaz de ligar emocionalmente o consumidor à marca e aos seus valores.
Por fim, o marketing foi apontado como motor de internacionalização e visibilidade global, especialmente num setor competitivo como o têxtil.
Para o Estúdio Letras, fica clara a mensagem: comunicar é ousar, e as marcas que se permitem arriscar conseguem destacar-se e conquistar novos mercados.
Painel 2 – Do produto à marca: o marketing como ferramenta diferenciadora
Moderado por Pedro Martins (Tintex Textiles), o segundo painel reuniu Tânia Lima (Lameirinho), Sónia Rocha (Wolf&Rita), Marta Carvalho (Ave Valley) e Luís Cristino (OMA) para debater o papel do marketing na construção de valor no setor.
O consenso entre os participantes foi a importância de manter o DNA local enquanto se conquista espaço global. Tornar-se uma marca internacional sem perder a autenticidade portuguesa foi um dos grandes temas da conversa.
Outro destaque foi a cooperação entre empresas e a necessidade de fortalecer o conceito “Made in Portugal”, não apenas como um selo de origem, mas como promessa de reputação, consistência e qualidade.
Mais do que uma etiqueta, o “Made in Portugal” deve ser entendido como um posicionamento estratégico, capaz de unir o setor em torno de uma identidade comum e fortalecer a imagem do país no cenário internacional.

Painel 3 – O que os jovens esperam da indústria têxtil
Sob moderação de Sílvia Correia, o terceiro painel trouxe as visões frescas e provocadoras de quatro estudantes da Universidade do Minho: Sara Machado (Marketing), Bruno e Jorge (Engenharia Têxtil) e Inês (Design de Produto).
Uma das frases que marcaram o debate foi:
“Design não é só estética. Ele é funcional e liga consumidor e engenharia.”
Os jovens reforçaram a necessidade de cooperação entre áreas (marketing, design e engenharia) para criar produtos e narrativas mais relevantes.
Como bem sintetizou uma das participantes:
“O design cria a alma e o marketing dá a voz.”
Outro ponto debatido foi a urgência de renovar a imagem do setor, tornando-o mais atrativo, tecnológico e alinhado com temas como inovação, tecidos inteligentes e sustentabilidade comprovada.
A nova geração quer ver sustentabilidade como prova, não como promessa, valorizando transparência e autenticidade.
Palestra – O futuro do marketing: digital, circular e humano
Encerrando o evento, Daniela Neto (Brand & Marketing Manager da Salsa Jeans) apresentou uma palestra inspiradora sobre o futuro do marketing.
A executiva destacou o projeto INFINITY, iniciativa da Salsa que promove a economia circular, incentivando o prolongamento da vida útil do produto. Um dado curioso apresentado: muitos consumidores estão dispostos a pagar para reparar uma calça jeans, o que prova uma mudança significativa de comportamento em direção à sustentabilidade.
Daniela também mostrou como a marca comunica a circularidade em todas as etapas: desde o processo produtivo (como marcação a laser e reutilização de materiais) até a construção de narrativas autênticas, por meio de colaboração com influenciadores digitais.
O futuro do marketing, segundo ela, será cada vez mais digital, circular e humano, combinando tecnologia, propósito e emoção.
De olho no mercado e no futuro
Ficou claro que o marketing é o fio que une tradição, inovação e propósito e que Portugal tem todas as condições para continuar a tecer o seu futuro com criatividade e autenticidade.
No Estúdio Letras, saímos com a certeza de que contar boas histórias é também uma forma de costurar o futuro.



